Associação entre o consumo de alimentos ultraprocessados e a prática de aleitamento materno em crianças de 6 a 24 meses beneficiárias do Programa Bolsa Família em Alagoas

Autora: Giovana de Montemór Marçal

Data da defesa: 30/03/2020

Banca examinadora:

Resumo geral:

Uma alimentação adequada e saudável nos primeiros anos de vida garante o crescimento, desenvolvimento e a saúde infantil e tem repercussões ao longo de toda a vida,  contribuindo para a concretização do direito humano à alimentação e à saúde. A amamentação é a intervenção isolada com maior capacidade de evitar mortes em crianças menores de 5 anos. Por sua vez, a alimentação complementar é a terceira ação mais efetiva, com potencial de prevenir 6% dos óbitos em crianças menores de 5 anos. Apesar dos reconhecidos benefícios do aleitamento materno, as taxas de início precoce da amamentação entre crianças com menos de 5 meses de idade permanecem abaixo de 50% na maioria dos países de média e baixa renda. Diante de tais evidências, o Brasil adota as recomendações internacionais, preconizando o aleitamento materno exclusivo (AME) até o sexto mês e continuado até o segundo ano de vida ou mais. A transição do AME para a introdução dos alimentos consumidos pela família é o período denominado alimentação complementar, que deve ser iniciado aos 6 meses de idade até os 24 meses, sendo um período  de grande vulnerabilidade para a nutrição e saúde das crianças. Esse período é reconhecido pela importância na formação dos hábitos alimentares saudáveis, além de proteger a criança de deficiências nutricionais e por isso recomenda-se oferecer alimentos in natura e minimamente processados evitando os alimentos ultraprocessados (AUP). Contudo, as escolhas alimentares são influenciadas por diversos fatores como a situação socioeconômica e demográfica que confluenciarão para a segurança alimentar (SA) familiar. Com o intuito de combater a fome e a pobreza, o governo brasileiro implantou desde 2004, o Programa Bolsa Família (PBF) que tem como objetivo promover o acesso à rede de serviços públicos, de saúde, educação e assistência social e realizar a promoção da segurança alimentar e nutricional (SAN). O presente estudo teve como objetivo investigar a
associação entre o consumo de AUP e a prática de aleitamento materno em crianças de 6 a 24 meses beneficiárias do PBF em Alagoas. Foi realizado um estudo transversal, com crianças de 6 a 24 meses beneficiárias do PBF e residentes dos 6 municípios participantes do Programa da Primeira Infância do Estado de Alagoas, localizado na Região Nordeste do Brasil. O consumo de AUP e a prática de aleitamento materno foram avaliados pelo questionário para avaliação de práticas alimentares de crianças menores de dois anos de idade, adaptado para os alimentos regionais. Foram realizadas as Razões de Prevalência (RP) e os Intervalos de Confiança (IC) através da regressão de Poisson hierarquizada, ajustada no último nível pelas variáveis socioeconômicas, demográficas e ambientais. Participaram do estudo 1.604 crianças, dessas 11,7%  apresentavam sobrepeso e a maioria havia consumido AUP (90,6%) nas últimas 24 horas. Por meio da análise multivariável constatou-se que o consumo de AUP foi inferior entre aquelas crianças que estavam sendo amamentadas com idade entre 12 e 15 meses (RP 0,93 IC95% 0,88-0,99) e 20 e 24 meses (RP 0,91 IC95% 0,86-0,96). Desta forma, concluímos que o aleitamento materno continuado está associado ao menor consumo de AUP.

Palavras-chave: Programas sociais, aleitamento materno, alimentos industrializados, pobreza.

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