Efeito da estimulação transcraniana por corrente contínua associada à prática de exercício físico sobre a variabilidade da frequência cardíaca e sensações de apetite em obesos

Autor: Rafael Ayres Montenegro

Data da defesa: 12/08/2011

Banca examinadora:

Prof. Dr. Adriano Eduardo Lima da Silva – FANUT/UFAL - orientador

Prof. Dr. Gustavo Gomes de Araujo - CEDU/UFAL - examinador

Prof. Dr. Paulo de Tarso Veras Farinatti - UERJ - examinador

Resumo Geral:

O processo de regulação de ingestão alimentar tanto de sujeitos normoponderais quanto de  obesos,  tem suscitado  curiosidade  da  comunidade  científica,  em  busca  da compreensão  dos  componentes  tanto  homeostáticos  quanto  hedônicos,  responsáveis pela sensação de prazer e atração pelo alimento. Estes componentes controlam sinais de fome e saciedade em vias periféricas e centrais. Tem-se especulado que o córtex préfrontal e a região hipocampal estão intimamente relacionados à  regulação da ingestão alimentar, controle da alimentação e regulação do apetite. Além disso, alguns estudos verificaram  uma  relação  recíproca  da  ingestão  alimentar  e  controle  autonômico cardíaco, especulando que  uma  alta  atividade  simpática  estaria  intimamente ligada  a uma alta concentração de leptina resultando numa redução da ingestão  alimentar. Em adição,  recentes  estudos  sugerem  que  a  técnica  de  estimulação  cortical  (ETCC) pode reduzir a subjetiva vontade de comer e desejo pelo alimento, mostrando-se uma possível ferramenta  terapêutica  no  combate  à  obesidade.  A  prática  de  exercícios  físicos  tem suscitado efeitos positivos sobre a manutenção e perda do peso corporal total, balanço energético,  regulação  do  apetite  e  neuroplasticidade,  oxigenação  e  vascularização cerebral.  Desta  forma,  o  objetivo  do  presente  estudo  foi  verificar  o efeito  da  ETCC associado  à  prática  de  exercício  físico  sobre a variabilidade  da  freqüência  cardíaca e sensações  subjetivas  do  apetite em  humanos  obesos.  Participaram  do  estudo  09 indivíduos  de  ambos  os  sexos.  Os  sujeitos  foram  submetidos  a  duas  etapas  de procedimentos  experimentais.  A  primeira  etapa  consistia  na realização  de  um teste máximo  no  cicloergômetro  com  protocolo  do  tipo  rampa,  a  fim  de  caracterizar  a amostra  quanto  à  capacidade  cardiorrespiratória  (VO2 M A X;  FCM A X;  Car gaM A X).  Na segunda etapa, os sujeitos realizaram duas sessões não consecutivas de testes, onde os mesmos  permaneceram  sentados  por  10min,  receberam  ETCC  anódica  ou  placebo (2mA por 20min), em ordem randomizada, logo após executaram sessões isocalóricas (~200kcal) a 70%VO2MAX e depois permaneceram em repouso sentados por 30 minutos. Em todo o protocolo, escalas visuais analógicas para avaliação das sensações subjetivas de  apetite  bem  como  a  variabilidade  da  freqüência  cardíaca  foram  registradas.  Os resultados mostraram que, para os escores médios das sensações de fome, saciedade e desejo  pelo  alimento  (salgado  e  saboroso),  houve  diferenças  significativas  entre  os momentos  PÓS  EXERCÍCIO  e  30’PÓS  EXERCÍCIO  (P<0.05),  porém,  não  foram encontradas diferenças entre as condições estudas (ETCC anódica e placebo; P>0.05). A  variável low  frequency ( LFLO G)  demonstrou,  em  todos  os  momentos  e  condições analisados,  semelhança  em  seu  comportamento.  Por  outro  lado,  as  variáveis high frequency  (HFL O G)  e  balanço  simpatovagal  (LF/HFLO G),  apresentaram  diferenças significativas  entre  as  condições  analisadas  (placebo  e  anódica)  após  a  realização  da sessão  de  exercício.  Estas  diferenças  foram  mantidas  até  o  trigésimo  minuto  de recuperação. Portanto, pode-se concluir que a aplicação da ETCC anódica associado à prática  de  exercício  físico  não  foi  capaz  de  modificar  as  respostas  hedônicas relacionadas  ao  controle  do  apetite,  porém  a  prática  do  exercício  físico  foi  capaz  de gerar uma manutenção em tais sensações subjetivas ao ponto que as mesmas sofressem aumento somente após 30 minutos de recuperação. Por outro lado, a ETCC anódica foi capaz de alterar o comportamento do sistema nervoso autonômico cardíaco, propiciando uma  maior  modulação  da  atividade  parassimpática  e  diminuição  no  balanço simpatovagal durante todo o período de recuperação após exercício aeróbio.

Palavras Chave: ETCC; Regulação central do apetite; VFC; Reativação parassimpática; Exercício físico.

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