Anemia em crianças indígenas da etnia Karapotó, São Sebastião - Alagoas

Autora: Janaína Ferro Pereira

Data da defesa: 08/06/2009

Banca examinadora:

Profª Drª Maria Alice Araújo Oliveira – FANUT/UFAL - orientadora

Prof. Dr. Malaquias Batista Filho - IMIP - examinador

Profª Drª Juliana Souza Oliveira - FANUT/UFAL - examinadora

Resumo Geral:

A anemia é um agravo que transcende em magnitude e acomete de forma mais intensa o grupo  infantil,  trazendo  consequências  graves  ao  desenvolvimento,  comprometendo, assim,  o  indivíduo  e  a  sociedade.  Objetivou-se  descrever  em  uma  etnia  indígena  a prevalência de anemia e a sua relação com diversos fatores associados, com base em um estudo transversal. A  população estudada foi constituída  por todas as crianças de 6 a 59 meses  da  etnia  Karapotó,  presentes  nas  aldeias  no  momento  do  estudo  (n=99), residentes nas aldeias Plak-ô (n=34) e no povoado Terra Nova (n=65), município de São Sebastião – Alagoas. A avaliação da anemia foi realizada pela dosagem de hemoglobina mediante o uso de um fotômetro portátil Hemocue.  A  percepção de segurança alimentar foi  avaliada  em  todas  as  famílias  do  estudo,  utilizando-se  a  Escala  Brasileira  de Insegurança Alimentar (EBIA). Os exames coproparasitológicos foram  analisados pelos métodos  de  sedimentação  espontânea  (  HPJ)  e  Cato/Kats,  e  a  classificação  do  estado nutricional  foi  feita  a  partir  dos  índices  estatura/idade,  peso/idade,  peso/estatura.  A prevalência  de  anemia  nas  crianças  foi  de  57,5%  enquanto  a  anemia  materna  foi  de 41,6%.  O  nível  de  hemoglobina  das  crianças  aumentava  em  função  da  idade  e  da escolaridade materna e  diminuía  entre as crianças com déficit de peso para estatura e menor tempo de aleitamento. A prevalência de anemia associou-se a um maior número de  membros  da  família  e  menor  posse  de  itens  de  consumo,  ao  local  de  moradia  e  à (in)segurança  alimentar.  As  prevalências  de  enteroparasitoses  e  anemia  foram  mais elevadas no povoado  Terra Nova (70,2%, 70,7%, respectivamente) comparadas com a aldeia Plak-ô( 62,9%, 32,3%), apresentando diferenças significativas  nas prevalência de anemia por aldeia. Uma maior frequência de poliparasitismo, assim como os casos de anemia moderada e grave foram detectados no  povoado  Terra Nova. A prevalência de (in)segurança  Alimentar no povoado  Terra nova e  na aldeia  Plak-ô foi de 84,3% e de 85,7%,  respectivamente.  As  enteroparasitoses  se  associaram  a  um  menor  número  de cômodos  das  casas  e  à  maior  faixa  etária  das  crianças  na  aldeia  Terra  Nova.  Entre aldeias,  as  diferenças  significantes  encontradas  foram  em  relação  à  anemia, alfabetização materna e idade de desmame. De modo geral, a grave situação apresentada reflete a complexidade de uma população vivendo em precárias condições de vida e na busca  de  sua  identidade  cultural,  em  constante  confronto  com  questões  que  dizem respeito a sua sobrevivência étnica, como a posse da terra e os meios de sobrevivência que claramente resultam  nas discrepâncias detectadas entre os locais de moradia onde esta distribuído o povo Karapotó.

Descritores: Anemia, crianças, índios, segurança alimentar, parasitoses, estado nutricional.

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