Efeito da reabilitação cardiovascular de curto prazo em mulheres com diabetes mellitus tipo 2: repercussões sobre o balanço redox, função vascular e na qualidade de vida
Autor: Weriton Ferreira da Silva
Data da defesa: 04/09/2009
Banca examinadora:
Profª Drª Luíza Antas Rabêlo – FANUT/UFAL - orientadora
Profª Drª Marília Oliveira Fonseca Goulart - UFAL - examinadora
Profª Drª Sandra Mary Lima Vasconcelos - UFAL - examinadora
Resumo Geral:
Introdução: O diabetes caracteriza-se pela produção insuficiente de insulina e/ou pela incapacidade desse hormônio em desempenhar suas funções. Tal doença prejudica a função do endotélio, tecido este capaz de regular o tônus vascular e a resposta inflamatória. Quando disfuncional, esta camada celular não mais exibe tais funções, ocorrendo, principalmente, o desbalanço redox, evidente em pacientes diabéticos. Atualmente, diversos estudos apontam para a disfunção endotelial como contribuinte para o desenvolvimento das complicações vasculares diabéticas, ao passo que a prática de atividade física, ainda que de baixa intensidade, traz benefícios no manejo do diabetes mellitus tipo 2, incluindo redução dos fatores de risco cardiovascular. Desta forma, a intervenção física como proposta terapêutica apresenta-se promissora no manejo clinico do diabetes mellitus, podendo evitar a progressão de complicações sistêmicas. Objetivo: Avaliar a função vascular e o balanço redox em pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2 (DMII), antes e após a reabilitação cardiovascular por seis semanas. Método: 43 pacientes do sexo feminino com idade média de 57,50 ± 2,02 foram selecionadas do ambulatório de Endocrinologia do Hospital Universitário Prof. Alberto Antunes (Universidade Federal de Alagoas). O diagnóstico de DMII foi estabelecido de acordo com os critérios da Sociedade Brasileira de Diabetes (2007). A avaliação inicial foi feita através de exames clínicos e laboratoriais. O programa de reabilitação cardiovascular consistiu de seis semanas de exercício aeróbio (50 a 70% da freqüência cardíaca máxima) associado a exercícios resistidos. Quatro pacientes completaram as seis semanas de reabilitação. Avaliação do perfil bioquímico (glicemia de jejum e pós-prandial, hemoglobina glicosilada, colesterol total, VLDL, LDL, HDL, triglicerídeos, ácido úrico, albumina e creatinina), balanço REDOX (atividades da SOD e catalase e peroxidação lipídica) e qualidade de vida (através da aplicação do SF-36) foram realizadas antes e após o programa de reabilitação. A avaliação indireta da função vascular foi realizada através do Augmentation Index (AI), onda de reflexão, pressões arteriais sistólica e diastólica e pressão de pulso, obtidos por tonometria da artéria radial esquerda (com o equipamento HEM-9000 AI). A capacidade física foi avaliada através do teste de caminhada de seis minutos. Resultados: Após a reabilitação, houve redução significativa dos níveis séricos albumina (3,52 0,478 vs 3,85 0,50 mg/dL, P=0,0159) e aumento dos níveis de ácido úrico (5,00 0,25 vs 4,57 0,21 mg/dL, P=0,0298), sem, entretanto, alterações dos níveis de creatinina (p=0,3760). Também foram reduzidas as pressões arteriais sistêmicas sistólica e diastólica (141,50 3,67 vs 117,00 6,01 mmHg, P<0,01; 77,75 1,48 vs 71,25 3,03 mmHg, P<0,05, respectivamente) e a pressão de pulso (63,75 2,29 vs 45,750 3,68 mmHg, P<0,01), sem redução no Augmentation Index, com melhora em cinco parâmetros da qualidade de vida: aspectos físicos (25,00 17,56 vs 93,75 6,25 %, P<0,05), vitalidade (31,250 10,48 vs 87,50 5,20 %, P<0,05), aspectos sociais (50,00 17,68 vs 100,00 0,00 %, P<0,05), capacidade funcional (47,50 8,53 vs 92,50 3,22 %, P<0,01) e dor (21,62 10,68 vs 65,75 12,49 %, P<0,01). Não foram observadas variações estatisticamente significativas para o perfil glicêmico, lipídico e capacidade funcional. Conclusão: O programa de reabilitação cardiovascular por seis semanas em pacientes diabéticas foi capaz de promover melhora em parâmetros hemodinâmicos e na qualidade de vida, sem maiores mudanças no perfil bioquímico e capacidade funcional. Estas observações permitem considerar que em pacientes diabéticos a reabilitação cardiovascular deve ser iniciada o mais precoce possível a fim de promover redução do risco cardiovascular nestes indivíduos.
Palavras-chave: Diabetes mellitus tipo 2, reabilitação cardiovascular, função vascular, desbalanço redox, tonometria de aplanação.