Cúrcuma e doença inflamatória intestinal: uma revisão sistemática de estudos em modelos animais e humanos e uma metanálise de estudos randomizados

Autora: Marla de Cerqueira Alves

Data da defesa:   01/07/2021

Banca examinadora:

  • Profª Drª Fabiana Andréa Moura   - presidente
  • Prof. Dr. Nassib Bezerra Bueno - coorientador
  • Profª Drª Marília Oliveira Fonseca Goulart - examinadora externa
  • Profª Drª Raphaela Costa Ferreira - examinadora externa

Resumo geral:

A doença inflamatória intestinal (DII) é uma manifestação inflamatória crônica, caracterizada por episódios de atenuação e agudização de sintomas. Compreende a doença de Crohn (DC) e a colite ulcerativa idiopática (CUI). Tem caráter multifatorial, havendo contribuição de fatores ambientais, microbiota intestinal, susceptibilidade genética individual, fatores imunológicos e psicológicos, com destaque para o papel da inflamação e do estresse oxidativo no seu surgimento. O tratamento medicamentoso, que é utilizado de maneira prolongada pelos pacientes, pode cursar com o aparecimento de efeitos adversos, dependência e/ou refratariedade à doença. Estudos têm apontado que compostos com efeito antioxidante podem ser considerados um tratamento alternativo complementar para a DII. Neste contexto, destaca-se a Curcuma longa, um arbusto perene cujo rizoma é composto, entre outras substâncias, por polifenóis chamados de curcuminóides, sendo a curcumina, o de maior atividade biológica. Este polifenol lipossolúvel apresenta ação antioxidante e interage com vários fatores de transcrição gênica, enzimas, citocinas inflamatórias, proteínas, fatores de crescimento e receptores, e adicionalmente, não apresenta toxicidade, mesmo em altas doses, como apontam estudos em modelos animais e em humanos. Visando contribuir com a análise da eficácia do uso oral de Curcuma longa e seus curcuminóides na DII, esta dissertação apresenta inicialmente uma revisão de literatura, que descreve as características da DII, o tratamento convencional e implicações da utilização prolongada, o tratamento alternativo complementar, a caracterização da atividade antioxidante e anti-inflamatória dos compostos da Curcuma longa e os mecanismos de ação na DII. O artigo principal é uma revisão sistemática com metanálise, cujo objetivo foi identificar os efeitos da Curcuma longa, curcumina ou outros curcuminóides sobre sintomas e alterações metabólicas em pacientes e modelos animais de DII. Para esta revisão, foi realizada uma busca nas bases de dados PubMed, Science Direct, LILACS, CENTRAL e Clinical Trials até janeiro de 2021. Foram utilizadas as palavras-chave: " inflammatory bowel disease", “ulcerative colitis", "colitis", "Crohn Disease", "curcumin”, "curcuma", "turmeric" e "Indian saffron". Artigos com modelos experimentais de colite e ensaios clínicos randomizados (ECRs) foram elegíveis. O desfecho primário foi remissão clínica e o secundário remissão endoscópica. De 997 registros encontrados, foram incluídos 62, sendo 54 com modelos animais e 8 ECRs, dos quais 5 foram incluídos na metanálise. 50 estudos (92,59%) em animais observaram melhora da atividade macroscópica, histológica e/ou funcional e 81,48% (n = 44) identificaram diminuição de biomarcadores oxidativos e/ou inflamatórios em animais tratados com curcumina. Entre os ECRs, a análise de intenção em tratar mostrou que a curcumina oral, associada ao tratamento farmacológico tradicional, foi eficaz na indução da remissão clínica (n=281, RR: 3,15 IC 95% [1,22 - 8,10] p = 0,0017; i² = 72,2%, p = 0,006) e resposta clínica (n=259, RR: 1,60 IC 95% [1,09 - 2,35] p = 0,0017; i² = 59,7%, p = 0,042); mas não na remissão endoscópica (n= 161, RR: 2,91 IC 95% [0,58 – 14,58] p = 0,195; i² = 72,7%, p = 0,026). Os resultados encontrados confirmam que a prescrição oral de Curcuma longa ou curcumina, quando associada à terapia medicamentosa, é eficaz no tratamento de pacientes com DII.

Palavras-chave: Doença de Crohn. Colite ulcerativa. Curcuma. Antioxidantes. Estresse oxidativo.

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