Nutrição no início da vida num contexto de transição nutricional: um estudo na região semi-árida de Alagoas
Autora: Evla Darc Ferro Vieira
Data da defesa: 31/10/2008
Banca examinadora:
Prof. Dr. Haroldo da Silva Ferreira – FANUT/UFAL - orientador
Profª Drª Ana Paula Rocha de Melo - UFPE - examinadora
Profª Drª Maria Cristina Soares Figueiredo - UFAL - examinadora
Resumo Geral:
O estado de Alagoas, quando comparado aos demais estados brasileiros, é aquele que apresenta os piores indicadores econômicos e sociais. Sua região semi-árida sem dúvida é uma região de maior vulnerabilidade, onde os problemas inerentes ao estado são agravados. Apesar das condições adversas, a prevalência de desnutrição infantil diminuiu na região, ao passo que houve um aumento nos casos de obesidade. Estes dados indicam que o processo de transição nutricional que se desenvolve no Brasil já atingiu a região semi-árida de Alagoas. A transição nutricional corresponde à passagem de um estágio de atraso econômico e social para uma etapa baseada em valores da chamada civilização ocidental. Em Alagoas, nos últimos anos, foram observadas importantes modificações socioeconômicas, demográficas e na estrutura de serviços públicos que podem ter contribuído para a transição nutricional. Todavia, as mudanças ocorridas explicam apenas parcialmente o desenvolvimento desse processo, especialmente no que diz respeito ao aumento da obesidade. Portanto, é bastante provável que padrões específicos de crescimento pré e pós-natal também estejam envolvidos na determinação da transição nutricional. O objetivo do presente trabalho é investigar se a nutrição no início da vida está influenciando o processo de transição nutricional pelo qual vem passando a região semi-árida do estado de Alagoas. Para isto, foram realizados dois estudos. O primeiro estudo foi “Déficit estatural se associa à magreza em crianças da região semi-árida de Alagoas” e o segundo foi “Estado nutricional de pré-escolares da região semi-árida de Alagoas segundo exposição ao aleitamento materno”. Ambos foram do tipo corte transversal envolvendo amostra probabilística representativa dos pré-escolares da região. No primeiro estudo, que investigou se crianças do semi-árido com déficit estatural tendem ao sobrepeso, ou se, alternativamente, tendem à magreza, foi observado que o déficit estatural se associou ao déficit ponderal, e não ao excesso de peso. No segundo estudo, investigou-se o efeito do aleitamento materno sobre a ocorrência de desvios antropométricos em crianças. Observou-se que o aleitamento materno por um período mínimo de trinta dias parece proteger contra o sobrepeso infantil. Conclui-se que a nutrição no início da vida tem influência sobre o processo de transição nutricional pelo qual vem passando a região semi-árida de Alagoas, uma vez que a nutrição nas fases iniciais pode interferir no estado nutricional, especialmente na susceptibilidade ao surgimento de obesidade. Dessa forma, promoção à alimentação e nutrição saudáveis em gestantes e crianças deve ser uma estratégia prioritária para a prevenção de doenças crônicas, fim de atenuar o avanço da transição nutricional, especialmente no semi-árido alagoano, região de extrema vulnerabilidade social.
Palavras-chave: desnutrição, obesidade, nutrição no inicio da vida, transição nutricional.