Associação entre anemia e a alimentação complementar em menores de 2 anos beneficiários do Programa Bolsa Família

Autora: Marília Moura e Mendes

Data da defesa: 23/03/2020

Banca examinadora:

  • Profª Drª Ana Paula Grotti Clemente - presidente
  • Prof. Dr. Haroldo da Silva Ferreira - examinador
  • Profª Drª Ana Elisa Madalena Rinaldi - examinadora

Resumo geral:

Crianças de famílias em situação de pobreza sofrem maior risco de insegurança alimentar, que pode levar a carência de micronutrientes e desnutrição. Sabendo que a anemia ferropriva continua como a carência nutricional mais prevalente do mundo e que a nutrição adequada é essencial para o pleno crescimento e desenvolvimento infantil, esta dissertação foi realizada afim de verificar a associação entre a anemia ferropriva e os indicadores de práticas alimentares na primeira infância em crianças de 6 a 24, meses beneficiárias do Programa Bolsa Família (PBF). Para isso, a dissertação está estruturada em duas partes, sendo a primeira, um capítulo de revisão de literatura e a segunda, um artigo original. Para elaboração do artigo original, foi realizado um estudo transversal com crianças de 6 a 24 meses, beneficiárias do PBF de seis municípios do estado de Alagoas. Os dados sociodemográficos foram obtidos através de formulário padronizado e para avaliação da insegurança alimentar utilizou-se a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar. Foi aplicado Recordatório de 24horas estruturado para conhecimento do consumo da alimentação complementar, de acordo com os indicadores das práticas alimentares na primeira infância preconizados pela Organização Mundial de Saúde e o diagnóstico da anemia foi obtido por meio do uso do HemoCue®. Para a identificação das associações bruta e ajustada entre as variáveis independentes e anemia (hemoglobina < 11 mg/dl) foram calculados a razão de prevalência (RP) e respectivos intervalos de confiança (IC 95%) através da regressão de Poisson hierarquizada com ajuste robusto de variância, sendo ajustada no último nível por variáveis socioeconômicas, demográficas e ambientais de níveis hierárquicos superiores que apresentaram na análise bruta p<0,20. Foram avaliadas 1.604 crianças, dessas 58,1% apresentaram anemia. Na análise multivariável estiveram associadas à menor prevalência da anemia o maior número de grupos alimentares consumidos (RP=0,97; IC 95% 0,95–0,99), o consumo dos grupos de laticínios (RP=0,86; IC 95% 0,79–0,84), carnes (RP=0,90; IC 95% 0,83–0,98), além do uso de mamadeira (RP=0,88; IC 95% 0,81–0,96). Ter insegurança alimentar aumentou em 21% (IC 95% 1,22–1,32) a prevalência de anemia. A anemia ferropriva ainda se configura como grave problema de saúde pública em crianças de 6 a 24 meses beneficiárias do PBF em Alagoas. Destacamos a importância da promoção de uma alimentação complementar baseada na ingestão  diversificada dos grupos alimentares, assim como, a garantia da segurança alimentar em conjunto a execução de educação alimentar e nutricional, para auxiliar na redução do risco dessa doença.

Palavras-chave: Criança, deficiência de ferro, vulnerabilidade social, alimentação complementar.

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