Aleitamento materno exclusivo e saúde mental materna de mulheres afrodescendentes: estudo de base populacional

Autora: Vanessa Gabrielle os Santos Araújo

Data da defesa: 19/03/2020

Banca examinadora:

  • Prof. Dr. Haroldo da Silva Ferreira - presidente
  • Profª Drª Ana Carolina Santana Vieira - examinadora
  • Prof. Dr. Samir Buainain Kassar - examinador

Resumo geral:

Apesar dos inúmeros e inquestionáveis benefícios à saúde da mãe e da criança, o aleitamento materno exclusivo (AME) por seis meses ainda é uma meta distante de ser atingida na maioria das populações. Para o êxito no AME é fundamental a motivação da mãe em amamentar. Nesse aspecto, existem diversos fatores que podem levar à interrupção precoce do AME, sendo que, possivelmente, os transtornos mentais comuns (TMCs) seja também um desses fatores, pois se caracterizam por sintomas depressivos, de ansiedade e de queixas somáticas inespecíficas. Todavia, nenhum estudo investigou se existe associação entre a prática do AME com essa condição. Os objetivos deste estudo foram: a) investigar, na população quilombola de Alagoas, as características do AME; b) identificar se existe associação entre a interrupção precoce do AME e o TMC e; c) analisar quais os fatores de risco para a interrupção precoce do AME. Trata-se de um estudo transversal realizado em 50% das 68 comunidades quilombolas do estado. Eram elegíveis todas as crianças < 24 meses e suas mães. A variável dependente foi à interrupção precoce do AME (AME <4 meses). Seis ou mais respostas afirmativas ao Self-Reporting Questionnaire identificavam a presença de TMC. A medida de associação utilizada foi a razão de prevalência (RP) e respectivo IC95%, para o que se utilizou regressão de Poisson multivariável seguindo modelo teórico hierarquizado. Foram calculadas as prevalências de AME por 6 e 4 meses e, bem como sua duração mediana (análise de sobrevida). Foram analisados 251 binômios mães/crianças. As prevalências da interrupção precoce do AME e de TMC foram 56,1% e 42,6%, respectivamente. Neste estudo não houve associação entre interrupção precoce do AME e TMC. Foram fatores de risco independentemente associados à interrupção precoce do AME (RP; IC95%): residir em casa de taipa (1,84; 1,63- 2,08), mãe adolescente (1,33; 1,02-1,74), baixo peso ao nascer (1,46; 1,15-1,86), uso de chupeta (1,28; 1,01-1,61) e de mamadeira (2,41; 1,52-3,84). A prevalência do AME por quatro meses foi de 43,9%, enquanto que para seis meses, esse valor foi de 26,7%. A duração mediana do AME foi de 119 dias. Os indicadores de AME estão aquém das metas estabelecidas, justificando a implementação de medidas de promoção. Para isso, os fatores de risco à interrupção precoce do AME devem ser considerados, sendo que TMC não se associa a esse desfecho.

Palavras-chave: Aleitamento Materno. Epidemiologia. Saúde Mental. Transtornos Mentais. Grupo com Ancestrais do Continente Africano.

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