Repercussão da ingestão crônica de dieta termolizada em parâmetros morfo-funcionais do tecido hepático

Autora: Elisa Batista Oliveira e Silva

Data da defesa: 13/03/2012

Banca examinadora:

Profª Drª Suzana Lima de Oliveira – FANUT/UFAL - orientadora

Prof. Dr. Euclides Maurício Trindade Filho - UNCISAL - examinador

Prof. Dr. Adriano Eduardo Lima da Silva - UFAL - examinador

Resumo Geral:

AGEs, do inglês Advanced Glycation End Products, são compostos heterogêneos com propriedades pró-oxidantes e pró-inflamatórias. Estes compostos são formados no próprio organismo (especialmente em condições de hiperglicemia e estresse oxidativo) e no ambiente, sendo a dieta sua principal fonte exógena. Alimentos neutros ou alcalinos, submetidos a tratamento térmico com temperaturas superiores a 100ºC com baixa umidade, por tempo prolongado, apresentam formação aumentada de AGEs, condições encontradas com freqüência na dieta típica do ocidente, que constitui fonte de alto teor de AGEs. O tratamento térmico dos alimentos, além de formar AGEs, contribui para a redução da vitamina termolábil com ação anti-glycation e essencial para seres humanos, tiamina. O consumo crônico de dieta rica em AGEs e deficiente em tiamina são condições que favorecem o estresse oxidativo, o estresse carbonílico e a inflamação persistentes, contribuindo para o processo de envelhecimento junto ao desenvolvimento de diversas doenças crônicas. Quando absorvidos, os AGEs dietéticos somam-se aos produzidos no organismo aumentando seu pool corporal, passando pelos rins e pelo fígado, sofrem catabolismo e degradação para serem eliminados. Particularmente, o fígado é o principal órgão de clearance e catabolismo de AGEs, tornando-se um alvo fácil para os efeitos prejudiciais dos AGEs  Em situações de deficiência de tiamina, o hepatócito fica mais susceptível ao glioxal, uma carbonila altamente reativa, precursora dos AGEs, e aos próprios AGEs, com conseqüente prejuízo do metabolismo do glioxal no fígado. A suplementação de tiamina resulta em citoproteção, restauração da detoxificação do glioxal, redução da peroxidação lipídica e da formação de espécies reativas de oxigênio. Esses elementos motivaram a investigação dos efeitos do consumo crônico de dieta termolizada, modelo de experimental de elevada ingestão de AGEs, associado a diferentes níveis de tiamina, em aspectos morfo-funcionais do tecido hepático em ratos adultos. Para tanto, ratos machos Wistar, de cinco meses de idade, foram subdivididos em quatro grupos experimentais, segundo as dietas oferecidas: dieta comercial padrão, controle (C); termolizada (T), dieta padrão autoclavada a 121,5ºC, por 30 min; termolizada com tiamina nível 1 (TT1), 6 mg de tiamina/Kg de dieta; e termolizada com tiamina nível 2 (TT2), 120 mg de tiamina/Kg de dieta. Após 23 semanas de tratamento, os animais foram anestesiados e se procedeu à coleta de amostras de fígado e de sangue, para análise histológica do tecido hepático e determinações bioquímicas séricas de função e lesão hepática. O consumo crônico de dieta termolizada não promoveu o aparecimento de alterações morfofuncionais sanguíneas e hepáticas em ratos adultos. É possível considerar que a composição da dieta de base utilizada no experimento pode ter contribuído para os resultados obtidos. O presente estudo chama a atenção para a importância da realização de estudos que esclareçam a participação dos diferentes componentes alimentares para a formação de AGEs em alimentos, o que contribuiria para o estabelecimento de recomendações dirigidas para a promoção de uma alimentação saudável, concorrendo para a prevenção de doenças crônicas, incluindo as que acometem o tecido hepático.

Palavras-chave: Glicação, dieta, fígado, tiamina

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