Obesidade, síndrome metabólica e risco cardiovascular

Autora: Viviane do Nascimento Lima

Data da defesa: 03/10/2014

Banca examinadora:

Profª Drª Maria Alayde Mendonça da Silva – FANUT/UFAL - orientadora

Profª Drª Ana Lucila Dos Santos Costa - UNEB - examinadora

Prof. Dr. João Araújo Barros Neto - FANUT/UFAL - examinador

Resumo Geral:

A obesidade é uma doença caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal. Sua etiologia é multifatorial e está relacionada ao estilo de vida, dieta e atividade física. Umas das consequências do excesso de peso é o desenvolvimento da Síndrome Metabólica que é caracterizada como um transtorno complexo representado por um conjunto de fatores de risco cardiovascular relacionados à deposição central de gordura e à resistência a insulina. A cirurgia bariátrica é considerada atualmente o tratamento mais efetivo para a obesidade grau III (IMC ≥40,0 Kg/m2), porém a indicação cirúrgica deve levar em consideração, além do IMC, a associação da obesidade a comorbidades, em indivíduos nos quais ocorreu fracasso no tratamento clínico para o emagrecimento e que apresenta condições psicológicas para a realização do procedimento. Esta dissertação se divide em dois estudos. O primeiro estudo, com o título Síndrome metabólica em mulheres adultas brasileiras: uma revisão sistemática e o segundo estudo com o título Impacto tardio da gastroplastia no perfil nutricional e risco cardiovascular. O primeiro estudo trata-se de uma revisão sistemática realizada nas bases de dados eletrônicas PubMed e Scielo levando em conta os últimos 10 anos, desde o início da construção desses bancos de dados até janeiro de 2013. Os seguintes descritores foram utilizados: (1) síndrome metabólica; (2) síndrome X; (3) obesidade abdominal; (5) resistência insulínica, todos relacionados à (6) mulheres. 28 artigos selecionados para leitura e sistematização. Como resultado, a prevalência da SM identificada foi elevada. Quando analisada a prevalência em diferentes grupos verificou-se que nos estudos de base populacional o maior valor encontrado foi de 85% e o menor de 11,9%. Quando analisados os critérios que compõem a síndrome metabólica, a hipertensão arterial foi a variável de maior prevalência (92%) enquanto a glicemia em jejum elevada foi a menos prevalente (6,7%). No grupo de portadores de doença cardiovascular a prevalência de SM variou entre 81,7% e 35,5%. Quando analisados os critérios que compõem a síndrome metabólica observou-se que a hipertensão arterial e a obesidade abdominal estiveram presentes em todos os investigados. No grupo de indivíduos com doenças psiquiátricas a prevalência da síndrome metabólica variou entre 35,6% e 43,6%. Em portadoras da síndrome dos ovários policísticos (SOP) a maior prevalência encontrada foi de 44%. Dos critérios que compõem a síndrome metabólica, neste grupo, o HDL- colesterol foi o mais prevalente (67,6%) e a glicemia em jejum o de menor prevalência (4,3%). Um achado interessante foi a associação da SM com a SOP, sendo importante a realização de mais estudos que investiguem essa associação. O objetivo do segundo estudo foi avaliar e comparar o impacto tardio da perda de peso determinada pela cirurgia bariátrica sobre o perfil nutricional e o risco cardiovascular dos indivíduos segundo o Escore de Framingham. Trata-se de um estudo observacional, longitudinal, prospectivo e analítico de uma amostra de pacientes com diagnóstico de obesidade e indicação de cirurgia bariátrica, inseridos no Programa de Cirurgia Bariátrica do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HUPAA), da Universidade Federal de Alagoas. Para o presente trabalho foram utilizados os dados de pré-operatório e de dois anos após a realização da cirurgia, no que diz respeito ao perfil nutricional (peso corporal, cintura abdominal e IMC) e ao Escore de Risco de Framingham, que utiliza as variáveis: idade, colesterol total, HDL-colesterol, níveis de pressão arterial sistólica e diastólica e tabagismo atual. Foi observado que a cirurgia bariátrica foi capaz de reduzir em grau importante o peso corporal, entretanto, a perda foi insuficiente para colocar todos os investigados dentro dos valores normais para o IMC (IMC<25 Kg/m2). A pressão arterial foi a variável que sofreu o maior impacto de efeito positivo da cirurgia. Dos 27 pacientes 16 eram diagnosticados hipertensos e após a cirurgia apenas um paciente continuou hipertenso. Quando analisadas as variáveis que determinam o risco cardiovascular em 10 anos segundo o escore de Framingham constou-se que antes da cirurgia o somatório dos pontos foi de 7,8±5,7, tendo este grupo o risco de eventos cardiovasculares (infarto ou morte por doença arterial coronária) em 10 anos de 2,6±2,7%; após dois anos da cirurgia, o somatório dos pontos foi de 1,4±6,0, o que reduziu o risco cardiovascular para 1,5±1,2%. Assim, a cirurgia bariátrica mostrou-se capaz de diminuir o peso corporal, a pressão arterial e os fatores de risco cardiovascular detectados por dosagens bioquímicas (glicemia, colesterol total, LDL colesterol), o que determinou a redução do risco de eventos cardiovasculares avaliado pelo Escore de Risco de Framingham.

Palavras-chave: Obesidade, obesidade abdominal, Hipertensão, gastroplastia, Síndrome X metabólica, resistência à insulina.

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