Efeito da reabilitação cardiovascular sobre o balanço redox e a função vascular em mulheres com síndrome metabólica

Autor: Marcos Antônio Eleutério da Silva

Data da defesa: 28/08/2009

Banca examinadora:

Profª Drª Luíza Antas Rabêlo – FANUT/UFAL - orientadora

Profª Drª Maria José Campagnole Dos Santos - UFMG - examinadora

Prof. Dr. Fabiano Elias Xavier - UFPE - examinador

Resumo Geral:

O estilo de vida sedentário e os hábitos alimentares modernos possibilitam a consolidação de doenças que determinam diversas implicações circulatórias, sistêmicas e locais, culminando com o aparecimento de diversos agravos de ordem multifatorial a comprometer ao mesmo tempo diversos órgãos (MATHIEU et al., 2006; 2009; PAOLETTI ET al., 2006; BO et al., 2007; CABRE et al., 2008).

 A síndrome metabólica e caracterizada pela associação de vários fatores de risco para as (DCVs), tais como: hipertensão arterial sistêmica, resistência a insulina, hiperinsulinemia, intolerância a glicose, DM 2, obesidade central e dislipidemia. Estes, por sua vez, resultam, principalmente, de fatores genéticos e/ou ambientais que podem desencadear a disfunção vascular e consequente formação do processo aterosclerótico, responsável pela alta taxa de morbidade e mortalidade nessa população (NAKAZONE et al., 2007). Alem disso, o estresse oxidativo, definido como sendo um desbalanço entre as defesas antioxidantes endógenas e as espécies reativas de oxigênio e nitrogênio (ERON), possui um papel relevante na gênese e no desenvolvimento das DCVs, podendo ser agravados nos pacientes com síndrome metabólica (WITZTUM & STEINBERG, 1991; DHALA et al., 2000; SOLA et al., 2005).

 Os fatores de risco implicados na síndrome metabólica podem afetar tanto o estado físico dos pacientes no que diz respeito a sua capacidade funcional de realizar suas atividades de vida diária, quanto incidir no aspecto psicossocial destes, limitando o contato social, o lazer e comprometendo, desse modo, o aspecto emocional. Por tudo isso, a qualidade de vida dos pacientes com síndrome metabólica pode se apresentar comprometida, uma vez que estudos mostram que comorbidades isoladas presentes na síndrome como nos pacientes que são diabéticos, hipertensos e principalmente quando nestes está contemplada a obesidade, os fatores que limitam a relação social se tornam mais presentes. Portanto, especula-se que a instituição de um gasto energético moderado, poderá melhorar a função vascular, a capacidade funcional e a qualidade de vida nos pacientes com síndrome metabólica.

 Apos um programa de reabilitação cardiovascular realizado 3 vezes por semana num total de 18 intervenções em 11 pacientes com síndrome metabólica, foram encontradas modificações nos parâmetros cardiovasculares, biométricos, funcionais e no balanço redox desses pacientes.

 Ocorreu uma redução significativa nos valores encontrados para circunferência abdominal (p<0,028) apos o tratamento, sendo este o parâmetro que mais se destaca nas diretrizes que delineiam o diagnostico da síndrome metabólica. Quanto aos exames laboratoriais: glicemia de jejum e pós-prandial, HbA1C, triglicérides, colesterol total e suas frações (VLDL-C, LDL-C e HDL-C), creatinina e ácido úrico, não foram observadas mudanças significativas em nenhum destes apos o período de tempo no qual o tratamento ocorreu. Contudo, ressalta-se que a analise das medias obtidas em cada exame já se encontravam dentro dos limites considerados normais para a HbA1C, colesterol total, VLDL-C, creatina e ácido úrico. No tocante a análise da glicemia de jejum, triglicerídeos e HDL-C, estes se encontravam levemente alterados, enquanto que a glicemia pós-prandial e o LDL-C mostravam-se os mais alterados.

 A atividade da SOD aumentou significativamente (p< 0,05) depois do tratamento, o mesmo não aconteceu com a catalase, não havendo significância. Houve uma diminuição significativa na concentração de malonildialdeído [MDA] (p< 0,05), forte indicador de peroxidação lipídica.

 A pressão arterial sistólica passou de (133 + 10) para (112 + 2 p<0,0008) e a pressão arterial diastólica decresceu de (78 + 3) para (70 + 2 p<0,0052). A pressão de pulso reduziu de (55 + 5) para (42 + 2), o mesmo não aconteceu com a freqüência cardíaca. A pressão arterial media, também foi analisada, sendo calculada pelas relações entre as pressões arteriais sistólicas e diastólicas no que corresponde a formula [PAD + 0,33 x (PAS – PAD)], a qual diminuiu de (96 + 4) para (84 + 2 p<0,0005) apos o tratamento. Enquanto o duplo produto (PAS x FC) permaneceu sem alterações (9385,13 + 877,01 antes e 8543,39 + 482,96 depois da intervenção).

 O AI apresentou modificações significativas apos as intervenções, havendo diminuição de (93 + 2) para (86 + 4) p< 0,05. Observou-se um aumento significativo (p<0,05) da distancia percorrida em metros pelos pacientes na realização do teste de caminhada de seis minutos, a velocidade acompanhou esse aumento (p<0,05). Observou-se também melhora percentual obtida no TC6 apos a reabilitação (102.97 + 3.16% antes) e (109.21 + 3.38% depois). Os resultados obtidos com a aplicação do SF-36 apresentaram modificações significativas em sete parâmetros avaliados, apenas o aspecto saúde mental não se mostrou diferente antes e apos a reabilitação.

Palavras-chave: Síndrome Metabólica, Disfunção Vascular, Reabilitação Cardiovascular.

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