Alterações cardíacas associadas à obesidade e à síndrome metabólica
Autora: Luciana Costa Melo
Data da defesa: 20/03/2013
Banca examinadora:
Profª Drª Maria Alayde Mendonça da Silva – FANUT/UFAL - orientadora
Profª Drª Sandra Mary Lima Vasconcelos - UFAL - examinadora
Prof. Dr. Flávio Teles de Farias Filho - UNCISAL - examinador
Resumo Geral:
A mudança nos hábitos de vida ocorrida nas últimas décadas levou ao crescimento do número de obesos em todo o mundo. Atualmente, a obesidade é vista como um problema de saúde pública mundial, pois estudos sobre tal população mostraram que o excesso de gordura corporal está associado ao desenvolvimento de diversas doenças, dentre elas distúrbios do metabolismo e doenças cardiovasculares. Diante disso, aumentou o interesse por tratamentos que vissem a redução de peso e nos dias atuais a cirurgia bariátrica está entre os métodos mais eficazes para tratar a obesidade. Os indivíduos candidatos a tal cirurgia são caracterizados por apresentar obesidade grave, além de comorbidades a ela associadas. No entanto, apesar da associação entre obesidade e doenças cardiovasculares ser bastante divulgada, a descrição de um tipo de obesidade metabolicamente benigna, onde há menor risco de desenvolvimento de aterosclerose levou ao questionamento sobre a saúde cardíaca de indivíduos obesos graves não portadores de síndrome meta bólica. Visando contribuir com a resolução desta questão, esta dissertação apresenta dois artigos. O primeiro artigo trata-se de uma revisão narrativa onde foi apresentado o estado da arte sobre os mecanismos fisiopatológicos que ligam os componentes da síndrome metabólica(SM) ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares. O segundo artigo é fruto de um estudo descritivo, de casos e de controles, que avaliou a ocorrência de alterações eletrocardiográficas e ecocardiográficas em indivíduos obesos, com (casos) e sem (controles) SM, encaminhados para avaliação cardiológica pré-operatória de cirurgia bariátrica. Foram avaliados 153 indivíduos, desses 20,9% não apresentavam SM. Os resultados mostraram que nesta amostra a frequência de exames de ecocardiograma (ECO) e eletrocardiograma (ECG) alterados foi semelhante nos dois grupo (com e sem SM), com valores estatísticamente iguais. Ao avaliar os componentes da SM individualmente, a hipertensão arterial sistêmica associou-se a alterações em ambos exames complementares, observando-se em indívíduos com hipertensão risco 3,45 vezes maior de apresentar alteração no ECG e 2,82 vezes maior de apresentar alteração no ECO. Por outro lado, para a presente amostra, o baixo HDL demonstrou ser um fator protetor para a presença de alteração ecocardiográfica, de forma que os indivíduos com baixo HDL apresentaram 0,35 vezes o risco de desenvolver alterações do ECO. Tais resultados mostram que a ausência de SM não reduziu o risco alterações nos exames de ECG e ECO em pacientes obesos candidatos à cirurgia bariátrica, sendo necessária atenção adequada à saúde cardíaca de tais indivíduos.
Palavras-chave: obesidade, cirurgia bariátrica, síndrome metabólica, eletrocardiograma, ecocardiograma.