Perfil metabólico de crianças com nanismo nutricional atendidas no Centro de Recuperação e Educação Nutricional – CREN/AL

Autora: Gabriela Rossiter Stux Veiga

Data da defesa: 07/10/2009

Banca examinadora:

Profª Drª Telma Maria de Menezes Toledo Florêncio – FANUT/UFAL - orientadora

Prof. Dr. Haroldo Da Silva Ferreira - FANUT/UFAL - examinador

Prof. Dr. Cláudio Fernando Rodrigues Soriano - UNCISAL - examinador

Resumo Geral:

A desnutrição, quando ocorre de forma crônica na infância, causa redução no crescimento e alterações endócrinas adaptativas para garantir a manutenção da vida. Neste sentido, o IGF-1 e o cortisol têm sido indicados como marcadores do estado nutricional dessas crianças com déficit de estatura. Os altos níveis de cortisol e os baixos níveis de IGF-1 favorecem a gliconoegênese e a liberação de ácidos graxos pelo tecido adiposo e inibem a ação do GH dependentes de IGF-1 no crescimento. Por estes motivos, é importante investigar também o perfil lipídico. Associada a deficiência energética, verificada nessas crianças desnutridas, observa-se a carência de vitaminas e minerais. A anemia por carência de ferro é, atualmente, a deficiência nutricional mais freqüente no mundo, seguida pela hipovitaminose A. O ferro e a vitamina A são essenciais para o crescimento e desenvolvimento normais. Além da inadequada ingestão de alimentos, as parasitoses intestinais têm sido consideradas importantes fatores na etiologia das anemias carênciais e da DEP. Dentro deste contexto, o presente estudo objetivou estudar o perfil sócioeconômico, nutricional e bioquímico de crianças atendidas no Centro de Recuperação e Educação Nutricional (CREN/AL). Para tal foram selecionadas 79 crianças com idades entre 12 e 71 meses. Os dados sócio-econômicos e a avaliação antropométrica foram realizados em consulta nutricional. As dosagens bioquímicas foram realizadas entre os meses de junho e julho de 2008. Nesta época, foi coletada uma amostra de 10 ml de sangue em jejum de 12 horas, para dosagens de IGF-1, vitamina A sérica, hemograma e lipidograma completos. A dosagem do cortisol salivar foi realizada em um segundo momento para que o estresse da retirada do sangue não interferisse no resultado do mesmo. A presente pesquisa encontrou uma população com uma condição sócio-econômica precária e homogênea, onde o número de filhos encontrou-se associado ao grau de desnutrição apresentado pelas crianças estudadas (p= 0,03). A maior parte das crianças tinha entre 12 e 36 meses, encontrava-se poliparasitada (79,7%) e apresentaram anemia (44,3%), esta última altamente associada também ao grau de desnutrição (p= 0,01). As dosagens de vitamina A demonstraram um resultado surpreendente, pois não foi encontrado nenhum caso de hipovitaminose A, revelando que a suplementação de vitamina A implementada pelo Governo Federal tem sido eficiente. Com relação aos níveis de cortisol, a maioria das crianças encontrava-se dentro da normalidade. Por outro lado, a maior parte dos níveis de IGF-1 permearam o limite inferior, revelando sua queda durante a desnutrição crônica e sua forte associação com a mesma (p= 0,02). Os resultados do lipidograma revelaram que quase a totalidade das crianças apresentou pelo menos um tipo de dislipidemia (98,9%), sendo os níveis baixos de HDL associados ao grau de desnutrição (p= 0,02). Conclui-se, portanto, que a desnutrição crônica apresentada pelas crianças estudadas gera adaptações endócrinas que provocam modificações permanentes no perfil lipídico.

Palavras-chave: Desnutrição, fatores determinantes, IGF-1, Cortisol, Dislipidemias, Anemia, Hipovitaminose A, Parasitoses.

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