Estado nutricional e consumo alimentar de mulheres das comunidades quilombolas de Alagoas

Autora: Andreza de Araújo Luna

Data da defesa: 22/06/2010

Banca examinadora:

Prof. Dr. Haroldo Da Silva Ferreira – FANUT/UFAL - orientador

Profª Drª Telma Maria Toledo de Menezes Florêncio - FANUT/UFAL - examinadora

Profª Drª Mônica Maria Osório De Cerqueira - UFPE - examinadora

Resumo Geral:

Objetivo: Caracterizar o estado nutricional e o consumo alimentar das mulheres das comunidades quilombolas do Estado de Alagoas.

Métodos: Foram estudadas 1308 mulheres das quais se obtiveram dados antropométricos, dietéticos, socioeconômicos e demográficos. O estado nutricional foi classificado por meio do Índice de Massa Corporal (IMC). Para investigar a possível relação entre a desnutrição no início da vida, expressa pelo déficit estatural, e a condição nutricional atual, as mulheres foram categorizadas segundo a distribuição em quartis de suas respectivas estaturas. Aquelas classificadas abaixo do quartil inferior (Q1) foram consideradas de baixa estatura. As mulheres do quartil superior (Q4) foram assumidas como referência para comparação das variáveis de interesse. O consumo alimentar foi avaliado por meio do inquérito recordatório de 24 horas aplicado em toda a amostra de forma aleatória em qualquer dia da semana e, para permitir o ajuste da variabilidade intrapessoal da ingestão, repetido numa sub-amostra equivalente a 22,6% das mulheres segundo seleção randômica. Para calcular a Estimad Energy Requiriment (EER) e o Intervalo de Distribuição Aceitável de Macronutrientes, utilizou-se as recomendações do IOM (Institute of Medicine), que preconiza a utilização das DRIs (Dietary Reference Intakes). O método EAR como ponto de corte foi utilizado para estimar a probabilidade de inadequação do consumo dos micronutrientes. Para os nutrientes sem EAR estabelecida (cálcio e fibra) foram utilizadas a AI (Adequate Intake). 

Resultados: Quase todas as mulheres (97,3%) pertenciam às classes econômicas D (50,4%) ou E (46,9%). Apesar disso, a maioria (52,4%) apresentava sobrepeso (33,1%; IMC ≥ 25 kg/m2) ou obesidade (19,3%; IMC ≥ 30 kg/m2), condição que não pôde ser explicada por um consumo energético atual excessivo, pois 64,4% da amostra apresentavam ingestão energética inferior à sua correspondente EER. Tal achado pode ter sido devido ao subrelato da ingestão e/ou a superestimativa das necessidades energéticas. Essa última alternativa ganha força na medida em que se observou uma maior frequência de sobrepeso + obesidade entre as mulheres do Q1 quando comparadas às mulheres do Q4 (Odds ratio = 1,46; IC95% = 1,07 a 2,03; P=0,01), sugerindo que as primeiras tenham desenvolvido o chamado fenótipo econômico. Dentre os nutrientes investigados (zinco e as vitaminas A, C e ácido fólico), apenas para ácido fólico e zinco foi possível estimar a probabilidade de inadequação, correspondendo a 85,3% e 27,4%, respectivamente. Com relação aos demais, essa estimativa não pode ser realizada em virtude da distribuição da ingestão não ser normal, mesmo após a transformação dos dados.

Conclusões: Apesar das precárias condições econômicas observadas, o excesso de peso corporal é o problema nutricional mais relevante nas mulheres quilombolas de Alagoas e se associou a baixa estatura, possivelmente devido a adaptações metabólicas decorrentes da desnutrição no início da vida.

Palavras-chave: obesidade, desnutrição, dieta, mulheres, quilombolas, estatura, pobreza.

Trabalho completo em pdf.