Professor da Fanut coordena Projeto Nacional sobre saúde quilombola
Projeto, aprovado recentemente pelo CNPq, objetiva fazer um amplo estudo para intervenção de políticas públicas
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Diana Monteiro - jornalista
O professor Haroldo Pereira, da Faculdade de Nutrição (Fanut), é o coordenador nacional do Projeto Saúde da população negra no Brasil, aprovado recentemente pelo CNPq/Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde (Decit), que consta com participação de 15 pesquisadores do país, para a pesquisa específica sobre “Promoção da saúde e qualidade de vida em comunidades quilombolas de diferentes regiões brasileiras: estudo multicêntrico.
Além da Ufal, estão envolvidos no estudo representantes das seguintes instituições: Universidade de Brasília (UNB): Universidade Federal de Pelotas (UFPEL); Universidade Católica de Pelotas (Unicapel); Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp)/Fiocruz; Fiocruz/BSB (Brasília). O projeto conta também com a participação da Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau).
O professor Haroldo Ferreira informa que o estudo investigativo tem como objetivo geral avaliar a disponibilidade e utilização de serviços de atenção primária à saúde, as condições de saúde e a qualidade de vida do grupo materno infantil e dos idosos de populações quilombolas nas diferentes regiões do Brasil, segundo a disponibilidade da Estratégia Saúde da Família Quilombola.
Entre as finalidades da pesquisa está a de produzir indicadores de saúde, usados como ferramenta para identificar, monitorar, avaliar ações e subsidiar as decisões de gestores, profissionais de saúde e para que a sociedade civil organizada possa exercer o controle social das de políticas públicas. “Através dos indicadores é possível identificar áreas de risco, evidenciar tendências e melhor direcionar as atividades evitando o desperdício de tempo esforços em ações não efetivas”, destacou Haroldo.
O coordenador diz que as comunidades quilombolas são consideradas como um segmento populacional para com as quais o Brasil tem uma dívida histórica, marcada por processos de exclusão social e discriminação institucional. “Assim, evidenciar os problemas vivenciados por esse enorme contingente humano, é dar visibilidade a essa realidade e possibilitar um olhar diferenciado no sentido de empreender ações prioritárias em busca das soluções adequadas para, em última instância, garantir o direito à saúde e melhorar a qualidade de vida dessa população”, diz Haroldo.
Saúde e intervenção social
A ideia de elaboração da proposta para o estudo, segundo Haroldo Ferreira, foi motivada pela palestra que fez sobre Populações negligenciadas: saúde da população quilombola, durante o 9º Congresso Brasileiro de Epidemiologia, realizado este ano, em Vitória do Espírito Santo, concretizando-se portanto, a formação de uma rede nacional de pesquisadores para a pesquisa nacional na citada temática.
Haroldo informa que além da produção de conhecimento proposta pela pesquisa, há o compromisso social embutido na proposta com a articulação entre ensino, pesquisa e extensão, conforme prevê o artigo 207 da Constituição Federal. “O estudo resultará em artigos científicos a serem publicados em periódicos nacionais e internacionais. Os dados obtidos na pesquisa servirão para a elaboração várias dissertações de mestrado e teses de doutorado”, frisou o professor.
Na área de ensino, está prevista a participação de alunos de graduação em aulas práticas que visam, não apenas o domínio de técnicas e conteúdos teóricos, mas também sua inserção numa realidade social que, em sua maioria, não é do conhecimento desses alunos”, acrescentou o professor.
Para a extensão, o professor faz o destaque para a capacitação de indivíduos das comunidades quilombolas com para participação na coleta de dados. “Essa parceria será remunerada e terá certificação dos participantes pelas respectivas Instituições integrantes dos Centros de Pesquisa envolvidos. Por tudo isso, acreditamos que o projeto proposto é de alta relevância científica, acadêmica e social”, enfatizou.
Atuação
A escolha do professor Haroldo Ferreira para a coordenação nacional do projeto, deve-se as inúmeras ações desenvolvidas por ele com foco nas populações quilombolas, que vai desde a publicação de artigos, um total de cinquenta e três artigos na área da Epidemiologia, dos quais, cinco abordando especificamente o citado público-alvo, à condução de projetos.
Em 2008 coordenou o projeto intitulado Diagnóstico de nutrição e saúde da população remanescente dos quilombos do estado de Alagoas. No último mês de novembro, teve aprovado no âmbito do Edital Universal do CNPq o apoio financeiro para realização de mais um estudo na área, que envolverá o qual as 65 comunidades quilombolas existentes em Alagoas.