Mães participaram de projeto com orientações sobre aleitamento no HU

Pesquisadora defende que compreensão dos benefícios e das técnicas adequadas encoraja a amamentação

09/05/2016 12h18
Projeto atendeu mães no HU

Projeto atendeu mães no HU

Thâmara Gonzaga - jornalista

Nutrientes essenciais, anticorpos contra doenças, segurança, afeto e amor. Tudo isso, e muito mais, é repassado de mãe para filho durante a amamentação. Além de saciar a fome, o dar de mamar é um significativo ato de acolhimento do bebê, que favorece o seu processo de adaptação à nova realidade na qual ele acabou de entrar.

Apesar de todas as vantagens já comprovadas, ainda há muita desinformação em relação ao aleitamento materno, pois, por mais natural que pareça ser, é uma ação complexa e requer preparo. “É uma prática que deve ser compreendida pelas mães desde o pré-natal, pois é a partir do entendimento dos benefícios que a mulher estará mais encorajada a amamentar o seu filho”, defende a professora do curso de Nutrição da Universidade Federal de Alagoas, Alane Cabral.

Conhecer tipo de mamilo, pega correta, posicionamento apropriado da criança, sucção eficiente e adequada deglutição, segundo a docente, são ações que permitem uma amamentação correta, previnem lesões mamilares e intercorrências relacionadas a técnicas inoportunas. “É durante a gestação que essas técnicas de amamentação devem ser fortemente orientadas, e reforçadas no pós-parto, para que as mães consigam amamentar bem”, ressalta.

A pesquisadora lembra, ainda, que o ato de amamentar é fortemente influenciado pelo contexto sociocultural no qual a mulher está inserida, por isso a importância do acompanhamento profissional. “A figura do leite ‘fraco’, que não ‘sustenta’ e a história que os ‘seios caem’ são crenças e mitos repassados por várias gerações. Cabe aos profissionais de saúde desmistificar esses conceitos focando, principalmente, nos benefícios para o binômio mãe-filho”, disse.

Incentivo ao aleitamento materno

Durante a realização de aulas práticas e de pesquisas no Hospital Universitário da Ufal, a docente Alane Cabral observou as dificuldades que muitas puérperas enfrentavam na hora de amamentar.

Com o apoio de cinco estudantes de Nutrição, ela realizou o projeto de extensão SOS Amamenta com o objetivo de promover e apoiar a prática do aleitamento materno nas instalações do HU. Ao todo, 268 parturientes participaram da iniciativa.

Em um primeiro momento, foi feito um panorama dos principais problemas relacionados a não adesão ao aleitamento materno na maternidade do HU. “Observamos que é baixo o número de mulheres que optam pela amamentação, tendo como referência estudos de abrangência nacional, e que a ausência de informações sobre o tema é um facilitador do desmame precoce, uma vez que mães pouco orientadas ou inexperientes são movidas por mitos e crenças”, alerta a pesquisadora. Intercorrências na gestação, gravidez de alto risco, ou seja, situações que causam instabilidade emocional da mulher, também são fatores que contribuem para o desmame antes do esperado.

Entre os problemas relacionados à suspensão do aleitamento, alerta a pesquisadora, está a introdução de alimentos não recomendáveis para a faixa etária da criança, conforme orienta a Organização Mundial da Saúde e o Ministério da Saúde.

Tendo em mãos uma lista com os principais problemas, a pesquisadora e as estudantes focaram na realização de ações educativas nos leitos da maternidade do hospital. As mães receberam informações sobre os benefícios do aleitamento materno, como amamentar corretamente e manter a lactação pelo período recomendado, o que fazer frente aos problemas do processo de amamentação (fissuras, traumas mamilares, mastites), e a importância de não oferecer leites artificiais, bicos, chupetas e mamadeiras para os bebês.

Foram aplicados questionários para conferir o grau de entendimento das participantes antes e após as ações educativas. “Verificamos que boa parte das dúvidas foram sanadas e que houve melhora do entendimento das puérperas sobre o tema, o que pode contribuir para prolongar a prática do aleitamento materno nesse grupo”, comemora a pesquisadora.

Ela destaca que o projeto também teve a finalidade de oficializar no HU a Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC), considerada uma estratégia de referência pelas entidades governamentais para promoção do aleitamento materno a nível hospitalar, a partir da implantação dos Dez passos para o sucesso do aleitamento materno”, destacou Alane Cabral e completou: “A maternidade do hospital é referência em atendimento de alta complexidade em todo o estado, mas ainda são limitadas as ações que incentivem o aleitamento materno nas instalações”.

Com a implantação dos dez passos no HU, Alane aponta como benefícios o aumento do vínculo entre profissional e paciente, o encorajamento do aleitamento materno, o início do dar de mamar na primeira meia hora após o nascimento, o encaminhamento das mães para grupos de apoio à amamentação, além de evitar a introdução de leites artificiais, bicos e chupetas. “A gestão do hospital já vem se mobilizando para a implantação dessa estratégia, mas precisamos de tempo para que todos os instrumentos facilitadores sejam executados de forma adequada”, concluiu.