Ufal aprova alunos para o Programa Ciência sem Fronteiras

Eles viajam para o exterior a partir de agosto para intercâmbio em universidades de vários países

31/07/2012 07h45 - Atualizado em 23/09/2014 às 14h22
Parte da delegação da Ufal do programa Ciência sem Fronteiras

Parte da delegação da Ufal do programa Ciência sem Fronteiras

Lenilda Luna - Jornalista

Os estudantes da Universidade Federal de Alagoas estão descobrindo as vantagens da mobilidade internacional. A cada semestre, crescem as oportunidades por meio de vários editais de seleção e aumentam também o número de interessados. Segundo o assessor internacional da Ufal, Niraldo Farias, neste período, cerca de 70 alunos estão retornando dos intercâmbios realizados no primeiro semestre, enquanto aproximadamente 60 estão arrumando as malas e organizando a documentação para embarcar a partir de agosto. Os alunos selecionados, nesta oportunidade, pelo programa Ciência sem Fronteiras vão para a Austrália, Canadá, Espanha, Portugal, Reino unido, Estados Unidos e Itália.

O programa Ciência sem Fronteiras foi criado pelo Governo Federal para promover a internacionalização da ciência, tecnologia e inovação, visando melhorar a competitividade das universidades brasileiras. O intercâmbio gerenciado pelos ministérios da Educação e da Ciência, Tecnologia e Inovação oferece uma bolsa completa, com  auxílio de 300 dólares mensais para manutenção, 870 dólares para a instalação na cidade destino, além de pagar todas as despesas de viagem. Caso a instituição que vai receber o estudante não tenha alojamento e refeições, será oferecida uma bolsa de 80 dólares mensais. "Esses recursos serão depositados na conta do aluno antes da viagem para que ele possa se organizar", afirma Niraldo Farias.

Expectativa

Entre os alunos que embarcam neste segundo semestre, as experiências são variadas. Alguns jovens já viajaram várias vezes para o exterior, em intercâmbio ou a passeio. Outros nunca sairam da região nordeste e vão encarar uma viagem longa, mergulhando em outra cultura pela primeira vez.

Natália Saldanha, por exemplo, estudante de Medicina, já tem muitos carimbos no passaporte. "Estive em Londres em janeiro deste ano, onde fui fazer um intercâmbio do curso de inglês, e aproveitei para passear um pouquinho pela Europa. No momento, estou em um intercâmbio de medicina no Chile, organizado pela IFMSA, um órgão de estudantes de medicina de todo o mundo. Assim que voltar, já me organizo para ir cursar matérias relacionadas a Medicina na Universidade de Bristol", comemora a estudante.

Já Maxsuel Bomfim, estudante de Engenharia de Agrimensura, viajou poucas vezes para fora do Estado. "Fui mais de uma vez para Recife de ônibus ou carro, mas essa será minha primeira viagem de avião. Apesar de tentar transmitir calma aos meus amigos e familiares, estou bastante ansioso com tudo isso", conta, entusiasmado, o estudante selecionado para a Espanha.

Maxsuel está mais feliz ainda porque não vai estar só nessa primeira experiência internacional. "Minha namorada, Rosemary Lopes, foi selecionada para a Itália e meus grandes amigos, Danilo Henrique Santos e Wedja de Oliveira, vão para a Espanha, todos aprovados pelo mesmo programa", comemora.

Outro estudante que vai encarar o intercâmbio internacional pela primeira vez é Vinicius Gomes Barros, acadêmico de Enfermagem do Campus Arapiraca. Ele vai estudar na Universidade Católica Portuguesa, na cidade do Porto, Portugal. "Vou viajar no dia 1 de setembro, um dia antes do meu aniversário. Acho que ganhei o melhor presente que eu poderia esperar", vibra o estudante.

A estudante de enfermagem, Sâmia Lins, que também vai para Portugal, e a estudante de Engenharia Civil, Allane Brandão, que embarca para o Canadá, compartilham do mesmo entusiasmo e expectativa com a primeira viagem internacional. "Estou nervosa e ansiosa, mas é uma oportunidade única, não só para minha formação acadêmica, mas também uma nova experiência de vida", ressalta Sâmia.

Para Alanne, a expectativa já começou durante o rigoroso processo de seleção, que inclui avaliação de histórico escolar, da produção científica e do domínio de inglês ou espanhol. "Acredito que todos que se interessem devem tentar uma vaga, porque uma experiência dessa irá contar bastante, não só agora, mas futuramente em nossas vidas pessoais e profissionais", defende a estudante.

Greve e trâmites burocráticos

A apreensão natural com uma nova experiência é encarada com bom humor pelos estudantes que viajam ao exterior pela primeira vez. Mas o que causa preocupação de verdade são as exigências burocráticas que devem cumprir em tão pouco tempo de preparação.

Nataly Miranda, estudante de Farmácia, que vai para Portugal, confessa que está nervosa. "Tem o pagamento do seguro saúde, as passagens, o visto, muita coisa para fazer em pouco tempo, assim que o CNPq depositar o dinheiro da bolsa. Mas acredito que vai dar tudo certo. O mais importante é que vou para uma das melhores universidades da Europa, desfrutar de oportunidades que, se fossem por minha conta, nao sei quando poderia arcar com tudo isso", revela.

Bruno Anacleto, estudante de Agronomia que vai para Portugal em sua primeira viagem internacional, também está tenso com os preparativos. "A greve dos professores e servidores está atrapalhando, pois o nosso semestre aqui foi interrompido. O maior problema é a falta de informações sobre os procedimentos. Aos poucos, com troca de informações pelo Facebook e entrando em contato por telefone e e-mail com o CNPq, fomos conseguindo nos tranquilizar. Agora é só resolver o visto e nos programar com passagem, seguro e alojamento", calcula ele.

Contribuição com o desenvolvimento regional

Todos os alunos que retornam do intercâmbio apresentam um relatório final da mobilidade, mas, segundo Niraldo Farias, da Assessoria Internacional (ASI), os estudantes estão indo além dessa exigência. Alguns realizam conferências, palestras e até projetos sociais para compartilhar o que aprenderam. "Nosso interesse é articular as ações de mobilidade com desenvolvimento local, por meio projetos de graduação ou pós-graduação nesse sentido", programa o coordenador.

Se depender da vontade dos estudantes, esse desdobramento prático do intercâmbio vai acontencer rapidamente. A maioria deles já viaja com a expectativa de desenvolver projetos na cidade onde moram. Silas Emanoel, estudante de Ciência da Computação, em Arapiraca, acredita que essa mobilidade internacional contribui decisivamente para melhorar a qualidade do curso da Ufal. "Para o nosso curso, será uma forma de divulgar os nossos trabalhos, fazer contatos importantes para pesquisas conjuntas e buscar o reconhecimento internacional da qualidade do ensino e de projetos aqui desenvolvidos", ressalta o estudante.

Jaqueline Galvão, graduanda de Nutrição, já se dedica às pesquisas na área nutricional das comunidades acompanhadas pela Ufal. "A universidade para a qual fui selecionada, em Portugal, é tida como de excelência nessa área, por isso, para mim será uma oportunidade única de expandir meus conhecimentos técnicos e aplicar na minha realidade", destaca.

Enriquecimento cultural

Além da grande oportunidade para a formação acadêmica, os estudantes ressaltam o enriquecimento cultural como uma das grandes vantagens da mobilidade internacional. Lailah Falcão conta que sempre teve vontade de fazer intercâmbio. "Vou para Portugal e não terei dificuldades com a língua, mesmo assim eu acredito que vai me acrescentar muito. E nada me impede de fazer aulas de outro idioma enquanto eu estiver por lá", destaca a estudante de Nutrição.

Gilvonete Alves e Arthur Dresch, estudantes de Ciências Biológicas, comemoram as várias possibilidades desta viagem. Gilvonete vai para o Canadá e Arthur para Portugal. "Estou realizando um sonho, pois sempre tive vontade de realizar um intercâmbio. Vai ser maravilhoso conhecer um país com bastante diversidade cultural e bem mais desenvolvido", diz Gilvonete.

Arthur também se entusiasma com o primeiro intercâmbio. "A expectativa é muito grande, pois é sempre bom expandir o conhecimento tanto na área acadêmica quanto em conhecer novas culturas", diz ele.