Mestrandos em Nutrição apresentam pesquisas realizadas com atletas

Quatro dissertações sobre suplementos e desempenho esportivo serão defendidas este mês

07/03/2012 21h19 - Atualizado em 23/09/2014 às 14h22
Pesquisadores utilizam equipamentos para medir o desempenho de atletas

Pesquisadores utilizam equipamentos para medir o desempenho de atletas

Lenilda Luna – jornalista

Como os diferentes tipos de dietas e a utilização de suplementos alimentares pouco antes do treino podem influir no desempenho dos atletas? Essa é a questão levantada por integrantes do grupo de Ciências do Esporte, da Faculdade de Nutrição (Fanut), que realizaram  pesquisa iniciada em julho do ano passado. Cerca de 20 atletas, principalmente ciclistas, participaram do trabalho. Os primeiros resultados serão apresentados este mês

As pesquisas são orientadas pelo professor Adriano Eduardo Lima Silva, graduado em Educação Física, mestre em Ciências do Movimento Humano pela Universidade do Estado de Santa Catarina e doutor pela Universidade de São Paulo. Atualmente, ele é professor adjunto da Fanut e responsável pelo convênio entre a Ufal e a Universidade de Victoria-Austrália. Em 2011, ele recebeu o prêmio Endeavour Research Fellowship do governo australiano, um dos mais concorridos naquele país e no mundo.

O grupo de pesquisa Ciência do Esporte criou uma rede de colaboradores, com pesquisadores de São Paulo e da Austrália. “As pesquisas em conjunto estimulam a mobilidade estudantil. Os estudantes da Ufal já participaram de algumas atividades em São Paulo. Também queremos levá-los à Austrália para conhecer trabalhos sobre nutrição e esporte que são realizados lá”, conta o professor Eduardo Adriano

Desempenho dos atletas

Os mestrandos em Nutrição acompanharam um grupo de ciclistas que participam de competições regionais. Os atletas aceitaram consumir cápsulas de cafeína uma hora antes da atividade esportiva e foram acompanhados com a ajuda de equipamentos para medir força física e velocidade. “Todos os estudos demonstraram que a cafeína ingerida desta forma realmente melhora o desempenho”, ressalta o pesquisador.

A vantagem é que essa substância não é considerada doping. “A cafeína já figurou na relação de elementos proibidos, mas como é ingerida no cafezinho, de uso comum na nossa cultura e acessível a todos, passou a ser aceita pelos médicos que fiscalizam a prática esportiva”, explica o professor. A única recomendação é com a dosagem. “O exagero, ao invés de estimular a atividade física, acaba por causar enjoo e mal-estar, prejudicando o desempenho do atleta”, alerta ele.

As pesquisas realizadas na Ufal, em parceria com estudantes australianos e paulistas, são voltadas principalmente para atletas de alto desempenho. “Nós tomamos como exemplo competições internacionais como o Tour de France. São 200 quilômetros por dia, em média, durante três semanas, com poucas horas de descanso. Nessas condições, as reservas de carboidrato estão baixas e a cafeína pode ser um estímulo para superar momentos críticos”, relata Eduardo.

Equipamentos para pesquisa

As pesquisas do grupo se debruçaram principalmente sobre o desempenho dos ciclistas, mas o professor destaca que o taekwondo também foi avaliado por um pesquisador. “Relacionamos o consumo de cafeina com a intensidade da luta e o tempo de resposta aos estímulos, que são habilidade fundamentais para um lutador”.

Para medir essas respostas, o grupo conta com equipamentos desenvolvidos em São Paulo e na Austrália, mas também tem inovação doméstica. “O aluno José Wellington de Almeida Júnior é técnico em Eletrônica e conseguiu desenvolver um aparelho que mede a rapidez e a intensidade de alguns movimentos de atletas”, destaca Eduardo.

A pretensão dos pesquisadores é estabelecer parcerias dentro da Ufal para criar outros equipamentos que possibilitem a realização de mais trabalhos. “O desenvolvimento de aparelhos próprios é importante para as nossas pesquisas e também para estimular a produção inovadora dentro da universidade. Recentemente, nós iniciamos uma linha que é a construção de equipamentos para aquisição de sinais biológicos durante o esforço, em parceria com o engenheiro da Ufal, Pablo Viana”, ressalta Eduardo Adriano.

Defesas de teses

As pesquisas realizadas pelo grupo de Ciência do Esporte serão apresentadas a partir do dia 12 de março, sempre no auiditório do antigo Csau. O mestrando Victor Gustavo Ferreira Santos vai defender a tese intitulada “Efeito da suplementação de cafeína sobre a relação de esforço/pausa, distribuição e eficiência dos ataques em lutas simuladas de taekwondo”, no dia 12, às 8h.

No mesmo dia e local, às 15h, Carlos Rafaell Correia de Oliveira apresenta os resultados da pesquisa sobre “Efeito da depleção seletiva de glicogênio muscular das fibras do tipo I e II sobre a estratégia de prova em ciclismo de média duração”.

Marcos David da Silva Cavalcante, mestrando em Nutrição, vai apresentar o trabalho “Efeitos da cafeína sobre a contribuição anaeróbica e desempenho após depleção de glicogênio muscular”, dia 13 de março, a partir de 14h.

A quarta pesquisa orientada pelo professor Eduardo Adriano foi realizada pelo aluno Ralmony de Alcantara Santos sobre o “Efeito da ingestão de cafeína sobre o pacing em ciclismo de curta duração”. A tese será defendida no dia 14, às 8h.