Efeitos da abreviação do jejum em candidatos a colecistectomia: uma revisão sistemática com metanálise

Autora: Samara Bomfim Gomes Campos

Data da defesa: 23/02/2017

 

Banca examinadora:

Profª Drª Glaucevane da Silva Guedes – FANUT/UFAL - orientadora

Profª Drª Manoel Alvaro de Freitas Lins Neto - FAMED/UFAL - examinadora

Profª Drª Patrícia Brazil Pereira Coelho - HUUPA/UFAL - examinadora

Resumo Geral:

Considerando que a prática do jejum pré-operatório é baseada nas observações a respeito do retardo do esvaziamento gástrico após a indução anestésica e que o tempo está ligado à resposta orgânica ao trauma, surge o questionamento acerca do período de jejum pré-operatório necessário para minimizar tal resposta e respaldar a atuação profissional em evidências científicas. Estudos clínicos vem sendo desenhados com o objetivo de avaliar o esvaziamento gástrico e o efeito do tempo de jejum sobre a resposta orgânica ao trauma. A literatura aponta que a abreviação do jejum com bebida enriquecida com CHO em até 2 horas antes do procedimento cirúrgico pode trazer benefícios sobre parâmetros clínicos e metabólicos, além de não oferecer risco de broncoaspiração em indivíduos saudáveis submetidos a cirurgias eletivas. Visando contribuir com tal discussão, esta dissertação apresenta dois artigos: uma revisão narrativa, com o levantamento bibliográfico acerca das implicações metabólicas do jejum no trauma cirúrgico, fisiologia do esvaziamento gástrico, segurança, benefícios e as recomendações da abreviação do jejum. O segundo artigo trata-se de uma revisão sistemática com metanálise a partir de ensaios clínicos aleatórios, realizada com o objetivo de avaliar o efeito da abreviação do jejum pré-operatório com CHO sobre a resistência insulínica (RI) e náuseas no pós operatório, em indivíduos submetidos à colecistectomia, comparado ao jejum tradicional ou placebo (PLA) com água. A consulta foi realizada nas bases de dados PubMed, Scielo e Cochrane Library até dezembro de 2016, sem restrição de tempo. Os textos precisavam ao menos possuir título e resumo em inglês, espanhol ou português. A variável primária foi RI e a secundária náuseas. Nos estudos que atenderam os critérios de elegibilidade foi realizada a análise do risco de viés. Aplicou-se o cálculo da diferença média ponderada, com atribuição do peso dos estudos pelo método do inverso das variâncias e cálculo pelo modelo de efeito aleatório, para a variável RI. Para a variável náuseas foi utilizado o método Mantel-Haenzel, com a mensuração pelo risco relativo. Na vigência de alta heterogeneidade foi realizada análise de subgrupo. Dentre os 769 estudos encontrados nas bases de dados, 9 atenderam aos critérios de elegibilidade. Na análise geral, para ambas as variáveis, não houve diferença entre os tratamentos CHO versus PLA/controle, [diferença média, IC 95% (-0.16 [-0.75 a 0.44], I2=92%, P=0.61) e Risco Relativo, IC 95% (0.86 [0.65 a 1.12], I2=59%, P=0.26), respectivamente]. Na análise de subgrupo da variável RI, CHO versus jejum, a RI foi reduzida no grupo CHO [diferença média, IC 95% (-0.61 [-0.80 a -0.42], I2=0%, P<0.01)] enquanto que na análise, CHO versus PLA, a RI foi reduzida no grupo PLA [diferença média IC 95% (0.60 [0.28 a 0.92], I2=11%, P<0.01)]. Em ambas as análises de subgrupo da variável náuseas não houve diferença entre os tratamentos CHO versus jejum e CHO versus PLA [Risco Relativo, IC 95% (0.92 [0.63 a 1.34], I2=68%, P=0.32) e (Risco relativo, IC 95% (0.79 [0.49 a 1.27], I2=59%, P=0.32), respectivamente]. A ingestão de bebida com CHO reduz a RI no pós-operatório em pacientes submetidos à colecistectomia. Quanto à ingestão de PLA versus CHO, mais estudos precisam ser realizados para elucidar os mecanismos envolvidos e seus benefícios. A ingestão de CHO ou controle não reduziu as náuseas.

Palavras-chave: Jejum. Cirurgia. Período Perioperatório. Metabolismo dos carboidratos.

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