Efeitos da suplementação com ferro versus ferro dietético sobre o estado nutricional em ferro: revisão sistemática com metanálise de ensaios clínicos aleatórios

Autor: Luiz Gonzaga Ribeiro Silva Neto

Data da defesa: 07/03/2018

Banca examinadora:

Profª Drª Terezinha da Rocha Ataíde - orientadora/presidente

Profª Drª Giovana Longo Silva - examinadora

Prof. Dr. Cyro Rego Cabral Júnior - examinador

Resumo geral:

A anemia continua um problema de saúde pública em todo o mundo. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 24,8% da população mundial é acometida por este mal, com prevalência de aproximadamente 23% e 52% em países desenvolvidos e subdesenvolvidos, respectivamente. Estima-se que cerca de 50% dos casos de anemia sejam por deficiência de ferro, ou ferropriva (AF), tendo como principais causas a ingestão insuficiente de alimentos fontes do mineral, absorção prejudicada do nutriente, parasitose intestinal e perdas sanguíneas. Existem várias estratégias de prevenção e combate da AF em todo o mundo, destacando-se a suplementação com sais de ferro, como a mais difundida, com menor atenção para abordagens alimentares. Apesar de a eficácia da suplementação de ferro estar comprovada, a prevalência de anemia vem se mantendo elevada, principalmente nos países menos desenvolvidos. Uma das justificativas para esta situação é a baixa adesão ao uso do suplemento, principalmente por conta dos efeitos colaterais, como náusea, vômito, cólica e diarreia, fazendo com que o tratamento seja descontinuado, diminuindo sua efetividade. A presente dissertação foi dividida em duas partes: a primeira é um capítulo de revisão narrativa, que busca explanar as repercussões da anemia na saúde, em diferentes fases do ciclo da vida. A segunda parte é um artigo original de revisão sistemática, com metanálise, de 12 ensaios clínicos aleatórios, para avaliar se indivíduos alocados para uma intervenção dietética, com foco na oferta de ferro naturalmente presente em alimentos ou fornecido através de alimento fortificado, apresentam melhores níveis de parâmetros bioquímicos que têm interface com o estado de nutrição em ferro, do que aqueles indivíduos alocados para uma suplementação medicamentosa com ferro, em período padrão de tratamento, definido como 12 semanas ou mais de seguimento. Os resultados mostraram que a utilização de suplemento com ferro aumentou significativamente a concentração de hemoglobina de crianças anêmicas ou deficientes em ferro, quando comparado à intervenção dietética. Por outro lado, a intervenção dietética comparou-se ao uso de suplemento, com igual poder de recuperação da hemoglobina de adolescentes e adultos. Verificou-se menor concentração do receptor solúvel de transferrina, em crianças, e da capacidade total de ligação de ferro, em adolescentes/adultos, com a estratégia medicamentosa, quando comparada ao tratamento dietético. Desta forma, dentre as opções terapêuticas aqui investigadas, a utilização de suplemento é a estratégia de escolha na recuperação da hemoglobina de crianças anêmicas ou deficientes em ferro. Entretanto, para adolescentes e adultos, a intervenção dietética constitui-se melhor alternativa, com igual poder de recuperação da concentração sérica de hemoglobina, com reduzido risco de rejeição e de efeitos colaterais, associados ao tratamento medicamentoso com ferro. Estudos com maior tempo de seguimento após o período de intervenção são necessários.
Palavras-chave: Anemia. Dieta. Suplemento com ferro.

Trabalho completo disponível em breve.